O homo convergensAssiste-se, desde o início deste século, à transformações nos usos que estariam associados, do ponto de vista do público, a hábitos individuais (tradicionalmente associados à literatura) e colectivos (media clássicos – rádio, TV) para processos que podem ser caracterizados pela conectividade e pela interactividade – computadores, comunicações interpessoais – enfim, realidades dominadas por marcas multinacionais.
Aqui, observa-se que com o uso de computadores realidades como discografias, livrarias, etc. – aspectos baseados na memorização – são transformadas em realidades onde a produção é dominada pela inteligência.
Hoje, como ontem na antiguidade clássica (com o recurso ao ábaco – esse calculador de madeira, ferro e pedra criado no fogo Olimpo), a interactividade actual está disponível por meio da numerização.
- Trata-se , portanto, de: 0 e 1’s não é? Como um fluxo! – perguntará o leitor.
Sim. Posso dizer-lhe que é uma realidade semelhante a do dinheiro: esse verdadeiro dominador globalizante.
- Ah, então, estamos perante um elo, uma união! – exclamará o leitor.
Mas é claro. Ao observarmos uma realidade como o dinheiro, observa-se que ele permite uma convergência a vários níveis de múltiplas indústrias como: a rádio, os computadores, a televisão e o telefone. Aqui, podemos observar que há uma convergência a três níveis: um que funciona a nível numerário (tanto em termos de investimento monetário como no que se refere à quantidade de participantes), outro a nível dos conteúdos e do recurso às plataformas e uma acerca dos utilizadores.
- Com esta(s) convergência(s), será que estamos perante denominadores comuns que funcionam como formulas matemáticas aplicados à realidade comunicacional? – perguntará o leitor.
Sim. Mas esta história não é recente! Aqui, podemos ver que as estadas romanas foram o início do desejo das infra-estruturas globais ligadas em rede. Com elas começava, então, o aumento do fenómeno comunicativo. Após dois mil anos, uns paços sobre a água (por Um) e outros sobre a lua (por outros) vemos que com os PC’s há um tratamento matemático de toda história da humanidade que tem como denominador comum (meta): o digital em termos globais! Porque, aqui, podemos ver que há uma combinação de todos esses elementos. Em suma, na ultima década, as inovações em (re)produções de realidades – onde, para alem das que já foram referidas, destaco a dos conteúdos virtuais 3D – dão origem à criação de elementos que se podem definir como: “jogos com a psicologia da percepção”.
Conclui-se que com o crescimento da troca de conteúdos variados há um incremento de fenómenos comunicativos. Mas qual é a intensidade destes? Será que quantidade é igual a qualidade? Será que é isto que faz falta à humanidade? Com a existência de modelos alternativos não se deveria conseguir fazer uma experiência mais rica? Sem estas reflexões, nunca seremos mais do que faróis cegos com uma visão periférica sobre um mundo que não vemos e que sobretudo não compreendemos...