segunda-feira, setembro 24, 2007

Gadget TV - do sedentarismo passivo ao nomadismo audiovisual

iPOD, iPhone, MPEG 4, MP4, Mobile TV, IPTV, Web TV, iTV, VoD, NVoD, HD, HDTV, Blu Ray, DVB, DVB-T, DVB-H, DMB, MBMS, 3G – para se falar hoje de televisão é referirmos um número, cada vez mais crescente, de siglas que formam realidades precisas, mas que no seu conjunto são mais “uma interrogação do que propriamente uma certeza lapidar”, afirma Francisco Rui Cádima. Com a implementação da TDT (Televisão Digital Terrestre), iremos assistir a uma fusão empresarial – convergência – que criará um “canibalismo tecnológico” proveniente de uma absorção feita pelas redes comunicacionais mais leves sobre as mais pesadas. Aqui, os operadores clássicos passarão a fazer parte da história porque, face ao crescimento de bancos de conteúdos personalizados que se universalizam numa questão de horas, já não têm lugar no consumismo que caracteriza as gerações emergentes da sociedade moderna – que o teórico canadiano Don Tappscott definiu como: “Geração Net”. Aqui, o consumismo caracteriza-se por uma exigência de diversidade de opções, gosto próprio personalizado, gosto de experimentar antes de usar, com uma atracção pela função e não pela forma. Hoje em dia, estes sinais de mudança já são definidos como: “Egocasting”. Nesta realidade existe a difusão de fragmentos de histórias individuais, de reportagens de “jornalistas cidadãos (base da campanha publicitária da nova imagem e abordagem do jornal O Público) vídeos e fotografias feitos com telemóveis, blogs, vlogs e uma procura de conteúdos que depende do facilitismo das novas capacidades de sites como o Youtube, My Space (etc.) – basilares para a distribuição destes conteúdos.

Por isso, aqui, poder-se-á concluir que o conceito de “Egocasting” significa que o telespectador está, gradualmente, a transformar-se num editor e difusor dos conteúdos que disponibiliza para a comunidade. Aqui, tal como Francisco Rui Cádima, poderemos chegar à conclusão de que este tipo de comportamentos são originários de “uma estratégia narcísica, de afirmação dessas mesmas identidades individualizadas ou mesmo uma (...) hiper-personalização dos novos actores e dos seus desempenhos.”

Em suma, poder-se-á observar que, com naturalidade, os sistemas nomádicos comunicacionais estão, progressivamente, mais presentes nos mercados europeus – fazendo já parte do panorama audiovisual. No entanto, há que ter a certeza de que a sua veiculação para a coesão social, para o combate à info-exclusão e para a inclusão digital seja assegurada – aspectos que já estão a acontecer através das previsões da Comissão Europeia – porque, sem estas directrizes, como conseguir que as tecnologias de informação e comunicação sejam utilizadas por todas as pessoas? Sem que estes cuidados sejam precavidos, nunca passaremos de Neanderthals, com tecnologias nómadas, numa busca de uma perfeição comunicativa, em termos audiovisuais, entre os pedaços que sobraram de um serviço analógico que nunca mais existirá...

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