quinta-feira, março 20, 2008

Sem Palavras...

Hoje, quando a presença de uma realidade audiovisual multi-plataforma está cada vez mais próxima, há a necessidade de lembrarmos a importância educacional que a televisão tem - enquanto médium que é ainda “mass”.
A necessidade de resposta ao: “Bem Social”1 tem feito com haja, por parte dos multiplexes de empresas comunicacionais2, uma maior oferta no que se refere às várias formas de interagir com as realidades audiovisuais. No entanto, independentemente das inovações tecnológicas provenientes da era dos cyber-self media em que vivemos, convém lembrar que a indústria televisiva se baseia na milenar arte de contar histórias – narrativas que reflectem formas de ser e estar num mundo em sociedade. Aqui podemos ver que este médium influência as vidas das sociedades através de demonstrações - compostas por linguagens que vão desde a audiovisual, até à 3D3 e à vectorial.4 Aqui, podemos ver que estas têm uma participação pertinente na vida das pessoas através de aspectos de cariz reflexivo e narcisista porque, apesar da grande variedade de aparelhos que possam ser entendidos através das siglas: “TV”5, o homem pretende apenas atingir prazer no uso e na interacção com o objecto “TV” e com os conteúdos. Aqui, podemos ver um paralelismo com o conceito de “líbido” de Sigmund Freud onde psicanalista defende que todos os homens vêm ao mundo polimorficamente perversos devido ao “desejo”6 que os conduz a uma interacção física gradual com os objectos mas sem a pretensão de atingirem o clímax que acabaria por culminar com o acto sexual. A satisfação provém do manuseamento e da possibilidade de interagir com uma grande variedade de aparelhos.
Quando se fala na questão da importância dos conteúdos televisivos nas sociedades contemporâneas podemos observar que a maior parte das grandes alterações que caracterizam a sociedade estão subjugadas à questão que se segue: Onde é acaba a esfera pública e começa a privada? Aqui, ao reflectirmos acerca da questão da produção e difusão dos Reality Shows e de outros conteúdos como telenovelas e séries para jovens aferimos que esta divisão de espaço está fulminada. Aliás, actualmente, observamos que a maior parte das produções se baseiam neste tipo de formato. Se pegarmos em questões que possam incrementar a não compreensão destes conteúdos verificamos o perigo iminente que decorre deste problema. “A especulação acerca da verdade é, num sentido, difícil, noutro fácil”8, escreveu Immaneul Kant acerca do poder de percepção. E ao pegarmos no exemplo da televisão estamos a falar do consumo de conteúdos que reflectem modos de vida que acabam por influenciar o quotidiano de milhares de pessoas. Este aspecto que acaba por dar à televisão um papel activo na “pré-produção”, “produção” e “pós-produção” da identidade de um país e de um povo. Em suma, é a valorização do reflexo da cidadania que está em causa.

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1 Ribeiro, Coelho, Luísa, A Televisão Paga, Dinâmica de Mercado em Portugal e na Europa, Porto, Media XXI, 2007.
2 Veja-se os casos das empresas norte-americanas: Google e Microsoft.
3 linguagem que se baseia nos seguintes elementos visuais: altura, largura e profundidade.
4 Linguagem que se baseia nos parâmetros (vectores) matemáticos de um mapa de bits – descrição da cor em cada pixel.
5 Aqui, entenda-se o objecto “televisão”.
6 Quando Freud fala de “desejo” há sempre uma pretensão de conseguir o acto sexual.
8 Kant, Immanuel, Critica da Razão Pura, Lisboa, Fund. C. Glubenkian, 2001, p.78.








*Vida Real*
Escola Secundária Carolina Michaelis - Porto (Quinta-feira 20 de Março de 2008)


*Ficção Nacional*
Morangos com Açúcar - TVI





*Cinema*
Dangerous Minds (1995)



The Principal (1987)




Palavras para que?

"A 'conduta' é um espelho no qual todos exibem a sua imagem." G.W. Goethe

só se pode dizer como o Cão Azul!


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