Realidades Wiki e @ TRIBO IBÉRICA...
Na sua obra psicanalítica, Lacan fala-nos da importância do ímpeto do “desejo” no ser humano porque segundo este autor, está-se perante um dos aspectos basilares da sociedade humana porque há uma "busca alucinatório da satisfação do 'desejo'".
Actualmente, com a consequente info-inclusão que ainda é residual e com as consequentes facilidades dadas pelas realidades informáticas que têm como premissas, a simplicidade no uso e no acesso, um design atractivo e um crescente grau proximidade entre quem produz e quem difunde, chegamos à conclusão que nós encontramos num momento em que há necessidades imperiais de encontrar pontos de equilíbrio para estas realidade imergentes.
Em tempos extremamente conturbados observam-se realidades em que há uma inversão de papeis que fazem com as realidades sejam caracterizadas com uma multi-publicação a tempo real. Aqui, poderemos lembrar o exemplo histórico de Joe Nacchio – ex-director do gigante telefónico norte-americano “Qwest” – que se auto-destruiu numa conferência às custas dos novos media; uma espécie de “ momento de pescadinha de rabo na boca” que este gestor viveu em directo. Dan Gillmor relata este episódio da seguinte forma:
“encontrava-me entre a assistência, a fazer a reportagem quase em tempo real e a publicar frequentes apontamentos no meu blogue da Internet (...) fazia-o através de uma ligação sem fios (...) observando que ele ‘Nacchio’ enriquecera consideravelmente ao mesmo tempo que a empresa a que presidia perdia muito do seu valor bolsista (...) recebi um e-mail de Buzz Bruggeman, de Florida, a dizer: ‘Não acham que a América é grande?’... Por essa altura a audiência começou a mostrar-se hostil (...) a parte que ainda faltava da palestra de Nacchio foi recebida com notória frieza.”
Aqui, devido à existência das possibilidades provenientes dos novos media, estava-se perante um evento que estava a decorrer dentro da própria conferencia – palestras paralelas que se sucediam simultaneamente com principal e que podiam estar ou não relacionadas com esta. No caso de Joe Nacchio, infelizmente estavam...
Hoje, se pensarmos no caso das recentes manifestações dos professores – aparentemente solicitadas por sms – poder-se-á observar que há uma movimentação de massas através de ferramentas que fazem com que existam “Wiki–realidades” compostas por movimentos de “Wiki-cidadãos” contra uma democracia que se recusa a ser uma “Wiki-república” – uma comunidade no verdadeiro sentido da palavra, portanto. Aqui, podemos ver que, historicamente, este espírito de envio de sms’s com intuitos convocatórios, tal com o que sucede com o dos blogues, páginas etc., está relacionado com aquele que, já na Idade Media, conseguia convergir populares contra as medidas que vinham do poder. Trata-se somente de evoluções tecnológicas que causam uma congregação de mais utilizadores. Aqui, podemos observar que não se está perante novas formas de comunicação mas de uma sistematização de velhos hábitos através de novas ferramentas porque sem motivos por muitas mensagens, sms’s etc. que se enviem jamais ninguém seria mobilizado para qualquer tipo de congregação. Observamos que hoje há muitas confusões que se devem à aparente proximidade do público com as funções que são desempenhadas pelos profissionais de comunicação. Lembram-se do “spot” publicitário do jornal “O Público” quando este alterou a sua imagem? Viu-se que a grande questão que surgiu quando esta publicidade passou nos media foi: “Mas, serão os consumidores jornalistas?” Por exemplo, aqui, poder-se-á colocar esta pergunta perante os milhões do “bloggers” que compõem o ciberespaço. Aliás, há muitos blogues que são da responsabilidade de jornalistas. No entanto, quando se fala dos conteúdos que os compõem, à questão colocada anteriormente, só se pode responder com o seguinte ditame: Os textos, independentemente da plataforma em que sejam difundidos, só podem ser jornalismo se forem redigidos por um jornalista. Mas e o fenómeno do consumidor produtor de conteúdos? Aquele a que Kerchove chama: “Prosumidor” – que é o mesmo a quem Toffler entendeu, há 30 anos, definir como: “Produ-Sumidor.” Em 2000, Paul Virilio chamou-lhe “O Homem Mótil.” Por fim, aqui, podemos observar que são muitos nomes para a mesma realidade que se resuma ao facto de quem consome quer um papel activo no que é produzido...
Portanto, em suma, convêm não esquecer que os aparelhos e as potencialidades que eles dispõem, são apenas veículos para serem colocados ao serviço de motivações superiores que levaram a que o anonimato da cidadania possa comunicar, em tempo real, e interagir com um maior número de pessoas sem qualquer entrave geográfico. Sob um pretenso olhar punitivo de Marx, observa-se que, após um sindicalismo quase fulminante, chegamos à era das “flash mobs” – fenómeno norte-americano em que há uma reunião “espontânea” de pessoas que foram convocadas anteriormente através de sms’s e “e-mails” para protestarem publicamente. No entanto, à parte da mediação tecnológica, “nuestros hermanos” já fazem isto há algum tempo, aliás, no que se refere a “modas espanholas” para alem do “El Corte Inglês”, “Lidl”, Prisa, etc., podemos ver que Portugal está cada vez mais espanhol; aliás, não poderá ser ao acaso que até o nosso primeiro ministro fala, em directo, num momento de puro marketing político, com o seu homologo espanhol José Luís Zapatero para o felicitar pela recente vitória eleitoral perante as câmaras da SIC... Sim, estamos definitivamente num momento em que as regras verticais de comunicação estão a ser reajustadas por outras inspiradas no espírito dialogante e cooperativo das comunidades que compõem o ciberespaço. E hoje vive-se na Península Ibérica uma espécie de “bonança ibérica” onde a proximidade geográfica parece ainda mais distante do que outras. Está-se definitivamente no momento da “Tribo Ibérica”! Aliás, até a recente vitória de Zapatero parece traçar o futuro político de Portugal.
Dentro da esfera informática observamos que este espírito de comunidade tem um epíteto de novidade mas na verdade é tão velho como o próprio homem. Aqui, podemos dar o exemplo dos tribunais populares (os Gacaca) que foram recuperados da história tribal Ruanda para julgar os genocídios que aconteceram neste país africano.
Agora, que se está num momento em que “a convergência” está em vogue, podemos ver que há problemas de fundo em termos de aceitação que passam pelos seguintes aspectos organizativos:
a) Não tomar como dados adquiridos todas as realidades que provêm das industrias da Internet e do multimédia – observa-se que a velocidade do desenvolvimento destas industrias pode ocultar aspectos menos correctos;
b) Manter a lógica de funcionamento das novas tecnologias fundamentadas sobre o conteúdo e nunca passar estas realidades para um plano primordial. O que interessa são as mensagens e as narrativas. As ferramentas servem apenas para as mediar;
c) Tendo em conta a origem multidisciplinar da convergência deve-se promover a discussão entre quem consome e quem produz de forma a que a lacuna que distingue estas realidades seja mais diminuta;
d) Sempre que houver uma tentativa de perceber as realidades convergentes deve-se focalizar a atenção sobre as mudanças a que os conteúdos devem ser submetidos para serem incluídos nestas realidades;
e) Ter um entendimento acerca da importância do funcionamento das comunidades que compõem o Ciberespaço.
Hoje, tal como sempre sucedeu ao longa da história, há uma necessidade de desenvolver novas legislações e novas linguagens para que a percepção do homem seja próxima do total que lhe é possível...
Na sua obra psicanalítica, Lacan fala-nos da importância do ímpeto do “desejo” no ser humano porque segundo este autor, está-se perante um dos aspectos basilares da sociedade humana porque há uma "busca alucinatório da satisfação do 'desejo'".
Actualmente, com a consequente info-inclusão que ainda é residual e com as consequentes facilidades dadas pelas realidades informáticas que têm como premissas, a simplicidade no uso e no acesso, um design atractivo e um crescente grau proximidade entre quem produz e quem difunde, chegamos à conclusão que nós encontramos num momento em que há necessidades imperiais de encontrar pontos de equilíbrio para estas realidade imergentes.
Em tempos extremamente conturbados observam-se realidades em que há uma inversão de papeis que fazem com as realidades sejam caracterizadas com uma multi-publicação a tempo real. Aqui, poderemos lembrar o exemplo histórico de Joe Nacchio – ex-director do gigante telefónico norte-americano “Qwest” – que se auto-destruiu numa conferência às custas dos novos media; uma espécie de “ momento de pescadinha de rabo na boca” que este gestor viveu em directo. Dan Gillmor relata este episódio da seguinte forma:
“encontrava-me entre a assistência, a fazer a reportagem quase em tempo real e a publicar frequentes apontamentos no meu blogue da Internet (...) fazia-o através de uma ligação sem fios (...) observando que ele ‘Nacchio’ enriquecera consideravelmente ao mesmo tempo que a empresa a que presidia perdia muito do seu valor bolsista (...) recebi um e-mail de Buzz Bruggeman, de Florida, a dizer: ‘Não acham que a América é grande?’... Por essa altura a audiência começou a mostrar-se hostil (...) a parte que ainda faltava da palestra de Nacchio foi recebida com notória frieza.”
Aqui, devido à existência das possibilidades provenientes dos novos media, estava-se perante um evento que estava a decorrer dentro da própria conferencia – palestras paralelas que se sucediam simultaneamente com principal e que podiam estar ou não relacionadas com esta. No caso de Joe Nacchio, infelizmente estavam...
Hoje, se pensarmos no caso das recentes manifestações dos professores – aparentemente solicitadas por sms – poder-se-á observar que há uma movimentação de massas através de ferramentas que fazem com que existam “Wiki–realidades” compostas por movimentos de “Wiki-cidadãos” contra uma democracia que se recusa a ser uma “Wiki-república” – uma comunidade no verdadeiro sentido da palavra, portanto. Aqui, podemos ver que, historicamente, este espírito de envio de sms’s com intuitos convocatórios, tal com o que sucede com o dos blogues, páginas etc., está relacionado com aquele que, já na Idade Media, conseguia convergir populares contra as medidas que vinham do poder. Trata-se somente de evoluções tecnológicas que causam uma congregação de mais utilizadores. Aqui, podemos observar que não se está perante novas formas de comunicação mas de uma sistematização de velhos hábitos através de novas ferramentas porque sem motivos por muitas mensagens, sms’s etc. que se enviem jamais ninguém seria mobilizado para qualquer tipo de congregação. Observamos que hoje há muitas confusões que se devem à aparente proximidade do público com as funções que são desempenhadas pelos profissionais de comunicação. Lembram-se do “spot” publicitário do jornal “O Público” quando este alterou a sua imagem? Viu-se que a grande questão que surgiu quando esta publicidade passou nos media foi: “Mas, serão os consumidores jornalistas?” Por exemplo, aqui, poder-se-á colocar esta pergunta perante os milhões do “bloggers” que compõem o ciberespaço. Aliás, há muitos blogues que são da responsabilidade de jornalistas. No entanto, quando se fala dos conteúdos que os compõem, à questão colocada anteriormente, só se pode responder com o seguinte ditame: Os textos, independentemente da plataforma em que sejam difundidos, só podem ser jornalismo se forem redigidos por um jornalista. Mas e o fenómeno do consumidor produtor de conteúdos? Aquele a que Kerchove chama: “Prosumidor” – que é o mesmo a quem Toffler entendeu, há 30 anos, definir como: “Produ-Sumidor.” Em 2000, Paul Virilio chamou-lhe “O Homem Mótil.” Por fim, aqui, podemos observar que são muitos nomes para a mesma realidade que se resuma ao facto de quem consome quer um papel activo no que é produzido...
Portanto, em suma, convêm não esquecer que os aparelhos e as potencialidades que eles dispõem, são apenas veículos para serem colocados ao serviço de motivações superiores que levaram a que o anonimato da cidadania possa comunicar, em tempo real, e interagir com um maior número de pessoas sem qualquer entrave geográfico. Sob um pretenso olhar punitivo de Marx, observa-se que, após um sindicalismo quase fulminante, chegamos à era das “flash mobs” – fenómeno norte-americano em que há uma reunião “espontânea” de pessoas que foram convocadas anteriormente através de sms’s e “e-mails” para protestarem publicamente. No entanto, à parte da mediação tecnológica, “nuestros hermanos” já fazem isto há algum tempo, aliás, no que se refere a “modas espanholas” para alem do “El Corte Inglês”, “Lidl”, Prisa, etc., podemos ver que Portugal está cada vez mais espanhol; aliás, não poderá ser ao acaso que até o nosso primeiro ministro fala, em directo, num momento de puro marketing político, com o seu homologo espanhol José Luís Zapatero para o felicitar pela recente vitória eleitoral perante as câmaras da SIC... Sim, estamos definitivamente num momento em que as regras verticais de comunicação estão a ser reajustadas por outras inspiradas no espírito dialogante e cooperativo das comunidades que compõem o ciberespaço. E hoje vive-se na Península Ibérica uma espécie de “bonança ibérica” onde a proximidade geográfica parece ainda mais distante do que outras. Está-se definitivamente no momento da “Tribo Ibérica”! Aliás, até a recente vitória de Zapatero parece traçar o futuro político de Portugal.
Dentro da esfera informática observamos que este espírito de comunidade tem um epíteto de novidade mas na verdade é tão velho como o próprio homem. Aqui, podemos dar o exemplo dos tribunais populares (os Gacaca) que foram recuperados da história tribal Ruanda para julgar os genocídios que aconteceram neste país africano.
Agora, que se está num momento em que “a convergência” está em vogue, podemos ver que há problemas de fundo em termos de aceitação que passam pelos seguintes aspectos organizativos:
a) Não tomar como dados adquiridos todas as realidades que provêm das industrias da Internet e do multimédia – observa-se que a velocidade do desenvolvimento destas industrias pode ocultar aspectos menos correctos;
b) Manter a lógica de funcionamento das novas tecnologias fundamentadas sobre o conteúdo e nunca passar estas realidades para um plano primordial. O que interessa são as mensagens e as narrativas. As ferramentas servem apenas para as mediar;
c) Tendo em conta a origem multidisciplinar da convergência deve-se promover a discussão entre quem consome e quem produz de forma a que a lacuna que distingue estas realidades seja mais diminuta;
d) Sempre que houver uma tentativa de perceber as realidades convergentes deve-se focalizar a atenção sobre as mudanças a que os conteúdos devem ser submetidos para serem incluídos nestas realidades;
e) Ter um entendimento acerca da importância do funcionamento das comunidades que compõem o Ciberespaço.
Hoje, tal como sempre sucedeu ao longa da história, há uma necessidade de desenvolver novas legislações e novas linguagens para que a percepção do homem seja próxima do total que lhe é possível...
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